Tenho atendido muitos adultos que não tiveram o diagnóstico na infância e adolescência e descobrem tardiamente o diagnóstico.
Muitos eram considerados pessoas muito tímidas, excêntricas, ou mesmo com outros diagnósticos psiquiátricos, tais como Fobia Social, Transtornos de Personalidade ou mesmo Esquizofrenia.
A verdade é que poucos profissionais no Brasil têm experiência com diagnóstico em adultos com autismo/ Transtornos do espectro do Autismo (TEA).
E obviamente não se diagnostica algo que não se conhece. Essa é a meu ver, a mais pura verdade. O adulto com TEA sempre foi relegado a um segundo plano.
Entretanto, as crianças crescem. E ter um diagnóstico adequado é importante para que possam procurar orientações e mesmo tratamento adequado.
Digo tratamento, pois por mais que muitos desses adultos se casem, façam faculdade, mestrado, tenham filhos, eles sofrem. Sim. Sofrem muito. Pois não se encaixam em um mundo que nos exige um padrão.
Frequentemente, ter esse diagnóstico, ainda que tardiamente é um alívio muito grande. Abre possibilidades, explica o que não era explicável, mostra que o que antes era dito “estranho, esquisito”, é uma condição reconhecida pela medicina e demais áreas e que há possibilidades sim de obter ajuda, engajar-se em um tratamento, ou simplesmente entender o porquê era tão diferente.
Só o fato de entender essa diferença ja quebra barreiras, alivia a dor, a angústia e o sofrimento. Na dúvida, procure um bom profissional com experiência na área. O diagnóstico ainda que tardio pode te oferecer muitas possibilidades!
O Fenótipo Ampliado do Autismo
O Fenótipo Ampliado do Autismo (FAA) corresponde a uma teoria segundo a qual pais e irmãos de crianças ou adolescentes com autismo ou TEA teriam algumas características do espectro sem preencher os requisitos ou critérios diagnósticos para serem diagnosticados como autistas.
Ou seja, são parentes próximos, em geral mais velhos que apresentam alguns comportamentos do espectro do Autismo sem terem o diagnóstico.
A teoria do Fenótipo Ampliado é corroborada pelas teorias genéticas ou de hereditariedade:
meu filho tem o diagnóstico fechado de TEA e eu tenho algumas características isoladas sem fechar o diagnóstico. Cabe ressaltar que o FAA é um conjunto de teorias que ainda são alvos de controvérsias, ou seja ainda não foram totalmente comprovadas.
O FAA serve para crianças com suspeita do diagnóstico? Não. A criança tem ou não tem o diagnóstico de TEA. O FAA não é um diagnóstico e, portanto não está na CID ou no DSM.
A teoria do FAA tem sido estudada em pais ou irmãos de crianças ou adolescentes que já têm o diagnóstico fechado de TEA. Portanto, se você tem dúvida se você ou seu filho têm o diagnóstico de TEA/autismo ou se tem características isoladas do TEA, portanto teria o Fenótipo Ampliado do Autismo, procure um profissional capacitado e com bastante experiência na área.
Nunca é demais lembrar que o autismo os Transtornos do Espectro do Autismo são muito complexos e é necessário anos de experiência para se ter um conhecimento e olhar clínico acurados para a avaliação e tratamento.
Existem muitos profissionais que se dizem especialistas na área sem sequer terem estudado ou atendido pessoas com TEA por tempo significativo!
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